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A estratégia de demonização da internet

É consenso entre os críticos de que existe uma conspiração velada contra a Internet, afinal na cabeça dos dinossauros, ela afeta seu modelo de negócios, de fato afeta, mas é preciso evoluir, seguir a corrente e não tentar nadar contra ela ou represar a tendência, um dia a barragem vai ruir e o estrago será ainda maior.

A estratégia de demonização vem sendo praticada de forma pontual, a mídia esta sempre tentando associar uma tragédia à Internet, e quando isto não é possível coloca uma noticia sobre a Internet logo em seguida à da tragédia, dando a percepção de que uma coisa tem relação com a outra. Tem também os canais de TV aberta onde seus apresentadores populares ficam clamando por novas leis contra a pedofilia, mesmo depois da lei ter sido sancionada pelo Presidente da República.

Sintese do PIG

Venho observando uma estratégia pontual das midia em geral, não sei ainda quem esta por trás destas iniciativas, pode não ser alguma organização e/ou grupo específico, podem ser vários, afinal a “maldita internet” esta tornando os atravessadores obsoletos. Atravessadores de informação, de conhecimento, de cultura, em fim, o acesso aos bens culturais agora não precisa mais dos bem remunerados intermediários.

Esta estratégia eu citei de forma discreta no meu artigo na última edição da Revista Feed-se, edição especial democracia:


[..]Os fazendeiros são estrategistas experientes, conseguem fazer os touros de massa ruminarem
informações ao vento, em diversos pontos do curral, dando a impressão de que se trata de uma ruminada meme, quando na verdade é apenas um pequeno mugido, ruminado de forma orquestrada e pontual.[..]

Ou seja, se você observar com insenção vai perceber que as TVs abertas adotam a estrategia de noticiar quase que diariamente casos pontuais envolvendo pedofilia, são em geral o mesmo caso noticiados em diversos veículos e em diversos noticiarios ao longo do dia, em sua maioria são casos relatados pela Policia Federal. E quando o caso não associa a pedofilia à Internet, a noticia é sempre seguida por outra relacionada à internet, dando uma percepção de que pedofilia esta sempre associada à internet. E por estaram em diversos canais da TV aberta passam a percepção de que se trata de uma “epidemia” de pedofilia. Estas estratégias configuram o que chamo de “Mantra da Irracionalidade” e tem até um ensaio sobre a pedofilia.

A demonização da Internet não se da somente na seara da pedofilia, estão sempre associando-a a crimes diversos, e de forma intensa, e quando ela é o “mocinho” ou esquecem de falar isto, ou minimizam o seu mérito.

Foi o que aconteceu em 03/10/08 no Globo Reporter, foi impressionante a manipulação. Trata-se da história do Bira, o morador de rua que passou num concurso para o Banco do Brasil.  Em linhas gerais a história verdadeira é assim e me foi contada pelo Mario Brandão, presidente da ABCID:

Um dono de Lan House, colecionava informações sobre concursos públicos, um belo dia ele colocou os links e apostilas em todas as maquinas da Lan House. Bira um morador de rua e frequentador da Lan House, tinha MSN, Orkut e estava querendo prestar concurso público para o Banco do Brasil. Estudou na Lan House, fez a prova, passou. Mas para assumir o cargo tinha de eliminar uma divida, um dos amigos virtuais fez uma vaquinha e ele pagou, e assumiu o cargo. Mas mesmo assim, ainda não se sente realizado, para isto ele precisa abrir uma Lan House para que outras pessoas tenham a mesma oportunidade que ele teve.

Agora vejamos como a história se contou, em duas versões: A Record contou a história correta, já a Globo distorceu a história e substituiu Lan House por Biblioteca, e em momento algum falou de lan house. Assista e comprove o PIG (Partido da Imprensa Golpista) em ação…

Mais outro jornal proibido de noticiar sobre família Sarney

Publicado em

Primeiro foi O Estado de S. Paulo. Agora, o Jornal Pequeno, um jornal de oposição a família Sarney, também foi proibido de colocar notícias sobre a Operação Boi Barrica da Polícia Federal, que cita o nome de Fernando Sarney, filho de José Sarney. Não é a primeira vez que o jornal é vítima da família Sarney. No ano passado, o diretor do jornal foi condenado a pagar R$ 50 mil de indenização a José Sarney por umas reportagens e cartas de leitores críticas a sua pessoa.

O Estadão também traz uma lista de jornais censurados nos últimos tempos.

Manifesto da cultura livre

Tomei a liberdade de fazer uma tradução à “toque de caixa” do Manifesto da Cultura Livre, publicado originalmente pelo coletivo Free Culture, como segue:

A missão do movimento da Cultura Livre é construir uma estrutura participativa para a sociedade e para a cultura, de baixo para cima, ao contrário da estrutura proprietária, fechada, de cima para baixo. Através da forma democratica da tecnologia digital e da internet, podemos disponibilizar ferramentaas para criação, distribuição, comunicação e colaboração, ensinando e aprendendo através da mão da pessoa comum – e através da verdadeiramente ativa , informada e conectada cidadania: injustiça e opressão serão lentamente eliminadas do planeta.

Nos acreditamos que a Cultura deve ser uma construção participativa de duas mãos, e não meramente  de consumo. Não nos contentaremos em sentar passivamente na frente de um tubo de imagem de midia de mão única. Com a Internet e outros avanços, a tecnologia existe para a criação de novos paradigmas, um deles é que qualquer um pode ser um artista, e qualquer um pode ser bem sucedido baseado em seus méritos e não nas conexões da industria.

Nos negamos a aceitar o futuro do feudalismo digital, onde nos não somos donos dos produtos que compramos, mas nos são meramente garantidos uso limitado enquanto nos pagamos pelo seu uso. Nos devemos parar e inverter a recente e radical expansão dos direitos da propriedade intelectual que ameaçam chegar a um ponto onde se sobreporão a todos os outros direitos do indivíduo e da sociedade.

A liberdade de construir sobre o passado é necessária para a prosperidade da criatividade e da inovação. Nós iremos usar e promover o nosso patrimônio cultural, no domínio público. Faremos, compartilharemos, adaptaremos e promoveremos conteúdo aberto. Iremos ouvir a música livre, apreciar a arte livre, assistir filmes livres, e ler livros livres. Todo o tempo, iremos contribuir, discutir, comentar, criticar, melhorar, improvisar, remixar, modificar, e acrescentar ainda mais ingredientes para a “sopa” da cultura livre.

Ajudaremos todo mundo à entender o valor da nossa abundância cultural, promovendo o software livre a o modelo open source. Vamos resistir à legislação repressiva que ameaça as liberdades civis e impede a inovação. Iremos nos opor aos dispositivos de monitoramento à nivel de hardware que impedirão que os usuários tenham controle de suas próprias máquinas e seus próprios dados.

Não permitiremos que a indústria de conteúdo se agarre à seus obsoletos modelos de distribuição através de uma legislação ruim. Nós seremos participantes ativos em uma cultura livre de conectividade e produção, que se tornou possível como nunca antes pela Internet e tecnologias digitais, e iremos lutar para evitar que este novo potencial seja destruído por empresas e controle legislativo. Se permitirmos que a estrutura participativa, e de baixo para cima, da Internet seja trocada por um serviço de TV a cabo – Se deixarmos que paradigma estabelecido para criação e distribuição se reafirme – Então a janela de oportunidade aberta pela Internet terá sido fechada, e  teremos perdido algo bonito, revolucionário e irrecuperável.

O futuro esta em nossas mãos, devemos construir um movimento tecnológico e cultural para defender o comum digital.

Leia, divulgue, replique, traduza, republique mas não fique ai parado!

Na calada da noite…

É na calada da noite que as coisas acontecem…

Coisas que não podem ser feitas em público, acontecem na calada da noite…

É na calada da noite que os limites se ampliam, na certeza da escuridão que tudo oculta…

É na calada da noite que fazemos as coisas que não podemos fazer durante o dia, ou que jamais fariamos de dia…

É na calada da noite que os valores éticos e morais são postos à prova, pois há a certeza da escuridão que tudo oculta…

É na calada da noite que o homem vira lobisomen, que o vampiro aparece e que a sombração acontece…

É na calada da noite que a sociedade está desligada do mundo e ligada no seu lar…

É na escuridão que tudo oculta que acontecem os piores roubos, os piores golpes…

É na calada da noite que o homem vira bandido, que o vampiro suga a sociedade, que o terror começa…

É na calada da noite que o moralista vira hipócrita, que o certo vira torto e o justo vira injusto…

É na calada da noite que as mascaras caem, que a realidade se expoem por trás do véu das más intenções…

É na calada da noite que agem os criminosos, que agem os mal intencionados…

É na escuridão que tudo oculta que que o vigilantismo avança, que mal avança, de dia disfarcado de cordeiro, de noite o lobo apareçe…

Foi na calada da noite que o Azeredo aprovou o seu projeto no Senado , sob o manto da pedofilia, passou disfarçado, seguiu, foi para a Câmara….

Foi na calada da noite que a França aprovou um projeto que pune quem faz download

É na calada da noite que as coisas ruins acontecem, não entendo como tem gente que ainda acredita nas “boas” intenções do projeto de cibercrimes. Pelo menos sabemos que pela regra do 1%, 14,2 milhões de Brasileiros tomaram conhecimento da petição, 1,42 milhões leram a petição e 142 mil à assinaram. Mas mesmo assim, os nossos nobres representantes, ao menos foram eleitos para nos representar, ignoram totalmente esta parcela da população. Ainda bem que eles agem assim, na calada da noite, de forma velada, e agora descarada, usando de todos os artifícios para aprovar um projeto inócuo e inútil, que transformará do dia para a noite milhões de Brasileiros em criminosos. Soltaram o bode no congresso, mais uma estratégia dos agentes da vigilância, não se enganem, estamos vivenciando a implantação do estado vigilantista no mundo, a ditadura do capital, na verdade não estão querendo combater cibercrimes, terrorismo, e nem a pirataria, querem combater a nós mesmos. Quando isto vai acontecer não sabemos, mas sabemos que o mal nunca dorme e ataca na calada da noite…

Deu bode no congresso

Foto de um bode sorrindo

Foto de um bode sorrindo

Quando todos esperávamos por uma proposta sensata do substitutivo que estava sendo elaborado pelo Ministério da Justiça, para o PL 84/99, o PL do Azeredo, fomos surpreendidos por um assustador Frankstein jurídico. Surgiu um pavoroso artigo 22, para quem não conhece, o artigo 22 do PL do Azeredo é aquele que obriga o provedor a manter o registro de conexão por três anos, e outras coisas mais. A proposta do MJ mantem os três anos, mas obriga além deste, o registro de documentos do usuário e não se restringe aos provedores de acesso, obriga também este registro aos provedores de conteúdo. Uma proposta tão estúpida que parece ter sido baseada numa sátira que fizeram para o PL do Azeredo.

Sérgio Amadeu já explicou as razões pela qual o projeto do Azeredo e este maldito substitutivo devem ser esquecidos, e ainda endossou nas palavras de Jomar Silva porque o projeto é inócuo. A verdade é que a proposta do MJ tem grande influência da Policia Federal e da ABIN, para implantação de um estado vigilantista, nos mesmo moldes da época da ditadura, só que potencializado pela tecnologia.

Você deve estar se perguntando o que este risonho bode tem haver com o post, tudo, este bode por incrível que pareça sintetiza o texto, digamos que deu bode no Congresso.

Fazendo uma análise de estratégias, vemos que a proposta do MJ configurou o que é conhecido como triangulação ou efeito decoy, que é algo mais ou menos assim:

“Temos duas variedades de vinho para vender no jantar, um de 9 dolares e outro de 16. Qual você compraria?

Agora, imagine que existe um terceito, e o terceiro custa 34 dolares. Você ficou tentado à comprar a garrafa de 16 dolares agora? A maioria ficaria.”

Shankar Vedantam que escreveu um artigo sobre efeito decoy nas eleições, cita um estudo do Joel Huber, professor de Marketing da Duke Universtity que conclui que a mente humana sempre busca pelas respostas mais simples e usualmente não trabalha com decisões complexas no dia-a-dia. Curioso, mas o efeito decoy ou efeito da dominação assimétrica, se resume no fato de institiva e irracionalmente decidirmos pelo caminho do meio, dentro da lógica que chamamos de relação custo x benefício.

Voltando ao nosso caso, o bode no congresso é a proposta do Ministério da justiça, antes só existiam duas opções, a de não aprovarem ou aprovarem o projeto do Azeredo. Agora aparece o projeto do Ministério da Justiça, o bode, fechando a triangulação. Os efeitos são claramente visíveis, Azeredo e os defensores do projeto se posicionam contra o projeto do MJ, passando a percepção de que “mudaram de time”, o que de certa forma provoca uma sublimação no discurso dos críticos ao projeto de cibercrimes, reduzindo a pressão contra a sua aprovação. Dentro das sutilezas da mente humana, me preocupa muito que paulatinamente as pessoas acabem aceitando o PL do Azeredo como uma alternativa viável, ou “menos pior”, por terem sido vítimas do efeito da dominação assimétrica.

Por fim, nada melhor do que uma boa reflexão no dia em que se completam 45 anos do golpe militar de 1964, afinal o que houve naquela época não difere muito do que temos hoje, um jogo de percepções, dominação, “boas intenções”, implantação do estado policial, vigilantismo e repressão irracional. O golpe de 64 é para ser lembrado como o período da maior vergonha nacional, o período em que o Brasil em 20 anos retrocedeu 50 em termos socio-culturais, e que deixou cicatrizes que até hoje assombram os Brasileiros de bem.

Crédito da Foto: Philip MacKenzie – Stock.Xchng – Smilling Goat

Postado originalmente no Trezentos

Mantras da irracionalidade – Pedofilia na internet

Recentemente liguei a TV, e estava na Record News, mais precisamente no programa Câmara Record, o tema era pedofilia. Estavam entrevistando um pedófilo, que havia sido vitima de pedofilia quando criança, e que posteriormente fora confirmado por um psicologo entrevistado que este “revanchismo” é comum, que a vitima de pedofilia tem grandes chances de se tornar pedófilo quando adulto.

Posteriormente passou para a abordagem da pedofilia na Igreja, que o repórter fez questão de frisar que se tratava da Igreja Católica, como se isto fosse exclusividade da Igreja Católica, os números eram assustadores. Em seguida para os casos de políticos pedófilos, mostrando a máfia da prostituição infantil,  e até citou os pontos de prostituição infantil nas estradas brasileiras. Mas infelizmente não citou que a Policia Rodoviaria já mapeou quase 2000 pontos de prostituição infantil nas estradas brasileiras, e curiosamente não me lembro de ter lido nada a respeito de prisões e coisas assim nestes pontos mapeados.

No final fecharam com a Internet, como sempre.  Mostraram uma cena, onde o reporter se passou por uma menina de 14 anos, usando o nick “bia 14 anos” entraram em uma sala de chat (que não deu para saber qual). A tal “bia 14 anos” foi assediada por um determinado sujeito chamado André. Mostram que o tal sujeito exibe o pinto para a suposta menina e tal… Na minha opinião foi uma situação grosseiramente criada, até acredito que o incidente com o tal André deva ter acontecido, mas não é sensato acreditar que uma criança adotaria um nick deste formato, com a sua idade, como na matéria.

Depois aparece um gráfico da Safernet mostrando que em 2005 foram 1700 denuncias e que no ano passado foram quase 40 mil, e colocam a culpa no Orkut. Eu interpreto que este crescimento nada tem haver com o número de casos de pedofilia, e sim como resultado da paranóia, que esta sendo instalada pela mídia de que a Internet é um antro de pedófilos. Isto associado à possibilidade de denuncia irresponsável, afinal qualquer um pode denunciar de forma anônima e sem nenhum compromisso, só pode terminar em injustiças e abusos, como no caso citado mais adiante.

Por fim aparece o Thiago Tavares da Safernet, a quem eu respeito pelo seu valoroso trabalho,  falando que os hentais mostram personagens infantis e heróis em relações sexuais, e que pode ser usado como ferramentas de persuasão.  Será que o Thiago não exagerou na sua afirmativa? Desta forma a paranóia que alimenta a construção do mito midiatico da pedofilia acaba sendo, voluntaria ou involuntariamente, aumentada. Será que ele refletiu sobre o que estava falando, avaliou as consequencias de suas expressão como formador de opinião ou será que seu pensamento se alinha ao  do juiz Australiano que condenou os Simpsons.

O interessante é que os mitos estão sendo construidos mundo afora, no Brasil o grande vilão é a pedofilia em outros países o terrorismo, o mito criado alimenta um maniqueismo histérico que sensibiliza a sociedade, que acaba ficando mais permissiva, é uma guerra psicológica bem travada. O objetivo é claro, freiar a Internet, os beneficiados e interessados nisto não são segredo: Industria cultural, “barões do copyright”, bancos, governos…

Por esta razão que a nossa midia parece ignorar o estudo desenvolvido por uma força tarefa composta de estudiosos, legisladores e empresas que levaram a conclusão de que a pedofilia na Internet é pífia, o maior problema é de fato o cyber bulling. O grupo produziu um completo estudo com 278 páginas, mas mesmo assim, praticamente nada foi falado a respeito na mídia Brasileira.

Não sei quantas pessoas já perceberam, provavelmente as mais atentas, mas estamos vivenciando a implantação de um estado vigilantista no Brasil e no mundo, já esta acontecendo, não se trata mais de uma possibilidade.Veja o caso relatado pelo Eliomar no no forum do linha defensiva:

Na manhã de ontem, 5  fev do corrente ano, fui surpreendido por uma equipe da Polícia Federal, com mandado de busca e apreensão,sob a alegação de que computador ( ou computadores) de nossa propriedade haviam entrado em site de pornografia infantil. Em suma, éramos suspeitos de pedofilia. Dá para imaginar nossa perplexidade, dado que o que sabemos sobre essa questão é o noticiado pela imprensa escrita ou TV. Nunca acessamos tais sites, dizem que fomos apontados por quebra do sigilo do IP. Estou, mais que arrasado, revoltado. Nada encontraram nem vão encontrar, mas não me conformo com o constrangimento por que passamos e com essa informação de que nosso IP foi identificado. Pretendo gastar meu último centavo, mas chegar à raiz desse episódio. Como pôde isso acontecer? Alguém pode me esclarecer?

Mais adiante no forum, Eliomar informa que de fato recebeu o mandato de busca e apreensão em seu nome, e no mandato alegam que um programa da Policia Federal identificou seu IP acessando um site de pedofilia em 2007!! Leu bem? Eu falei 2007, é para isto que eles querem o registro de IPs por três anos, para alimentar a máquina de injustiças e coações.

Quantos casos iguais a estes devem estar acontecendo? Quantas bocas eles calarão sob este argumento? Lembra do caso da Escola Base? Quantos casos destes serão necessário acontecer para que a sociedade perceba que a máquina vigilantista e repressora já esta ativa e operante ? A Policia Federal de hoje é o DOPS da época da ditatura, é o organismo repressor, que hoje caça pedófilos e cibercriminosos, o DOPS caçava comunistas, tanto faz, todos são mitos miditicos construidos para alimentar a máquina e legitimar a repressão. Quanto tempo irá demorar para a sociedade perceber que a máquina vigilantista e repressora nada tem haver com as legitimas boas intenções que pavimentaram sua construção? Quando a sociedade vai perceber que esta sendo enganada?

Por fim, para fechar o post, uma frase de Nietzsche para levar a reflexão:

Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não se tornar também um monstro.

Agora é comprovado: pedofilia não passa de uma cortina de fumaça

Publicado em

Ontem, o New York Times trouxe uma reportagem sobre a Internet Safety Technical Task Force (ISTTF) do Centro Berkman para Internet e Sociedade da Universidade Harvard. A dita força-tarefa foi criada por 49 procuradores-gerais de justiça americanos para investigar os casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes na Internet. Eis que o relatório final mostra que o assédio sexual a menores na Internet não é um problema significativo e que os menores são alvos pouco prováveis para serem assediados e, quando o são, são menores que se colocam nesta situação e que já vivem em situação de risco (menores com depressão ou vivendo em lares instáveis).

O relatório tamém demole com mitos como o qual que diz que uma entre 5 a 7 crianças e adolescentes já foram assediadas na Internet por adultos pedófilos; na maioria dos casos, os propositores também são menores. O relatório também demonstra que a exposição de dados pessoais nas redes de relacionamento (o alvo da força-tarefa) não aumenta o risco de abordagem por pedófilos. Como disse John Cardillo, presidente da Sentinel Tech Holding (que mantém um banco de dados de pedófilos condenados):

Social networks are very much like real-world communities that are comprised mostly of good people who are there for the right reasons
Redes socias são muito parecidas com as comunidades da vida real, que são, na sua maioria, compostas de pessoas boas que estão ali por boas razões

O relatório afirma ainda que os sistemas disponíveis para verificação de idade e identidade não funcionam, assim como não oferecem ajuda substancial na proteção de menores na Internet.

Bom, adorei o fato da força-tarefa ter sido criada pela pressão dos procuradores-gerais, em especial do Procurador-Geral de Connecticut, Richard Blumenthal (alguém citou os infames TACs?). Blumenthal acusou as redes de relacionamento social de facilitarem a atividade de pedófilos, discurso muito parecido com o do senador Magno Malta (PR-ES). E como se diz na terra natal de George W. Bush (como eu já estou saudades do Bush), o lugar mais perigoso para se estar em Connecticut é entre Blumenthal e uma câmera de TV. E pronto, temos uma histeria de pedofilia em curso, bastando apenas um acesso à mídia e dados duvidosos. Pois falando em dados duvidosos, acompanha a minha contabilidade (copyright Magno Malta):

  1. Em 5 de novembro de 2008 sai uma notícia com o título “CPI recebe dados sobre álbuns do Orkut suspeitos de pedofilia“, falando de 18.500 álbuns fechados suspeitos de pedofilia;
  2. No dia seguinte, 6, a manchete é auto-explicativa: “Magno Malta quer identificar 7 mil pedófilos que agem no Orkut“, de um dia para outro, uma queda de 62,16% no número de suspeitos e
  3. No fim do mês, dia 26, a manchete é “PF identificou 117 pedófilos com base em perfis do Orkut“. Do dia 6 para o dia 26, o número de suspeitos cai 98,32% e do dia 5 para o dia 26, caiu 99,36%.

E daí que haja uma condenação, blablablá, o número cairá ainda mais e se compararmos com as dezenas de milhões de usuários do Orkut, como o Caribé já fez, os números tornam-se totalmente desprezíveis.

Eu sempre desconfiei desta história de onda de pedofilia para atochar umas leis que mais parecem terem saídos da cabeça totalmente depravada de Mao Tse-Tung. Agora, há a prova científica contra Magno Maltas, Azeredos e Blumenthals da vida.

P.S.: O relatório, até o momento desta postagem, só foi citado em míseros três portais de notícias, nenhum deles relevantes; dois portais brasileiros e um português.

Para que crackers se temos o Governo?

Carlos Cardoso como sempre prestando um grande serviço à sociedade, primeiro ele descobriu o mensalinho em formato de banner, o famoso banner do Senado no site Paraiba, pelo qual o Senado pagava a bagatela mensal de R$ 48 mil. Assim que o fato ganhou relevância e como sempre demorou um pouco a chegar à midia, o “Ministerio da Verdade”(1) entrou em ação e ocultou a verdade, mudando os dados do contrato para R$ 48 mil por ano.

Agora ele descobriu que se o Governo for combater os cibercrimes com eficiência irá prender à si próprio, por exemplo pode-se encontrar facilmente o CPF do Boni, o José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, no site da Anatel. O CPF não é um dado sigiloso, mas se aparecer alguem vendendo uma lista com nomes, CPFs e Identidades de personalidades abastadas de nossa sociedade, a midia com certeza ira anuncia histericamente que hackers, é eles chamam crackers de hackers, invadiram os bancos de dados e obtiveram as informações sigilosas, e mais uma vez a Internet é demonizada.

Tal prática não é novidade, o Estado como um todo vem comentendo este crime contra a privacidade, por exemplo você pode saber os dados dos principais executivos da UOL, AOL, Click21, Terra e IG no site do Ministério Público de São Paulo, e pode procurar por ai que você vai achar um monte de dados, junte tudo, você um cidadão de bem, terá montado um banco de dados.

Ao que parece o proprio Estado demonstra o tempo todo que nada entende de internet, tanto que ele próprio comete estes deslizes, e ai pergunto: Como pode o Estado querer legislar sobre o que não conheçe? Com base no seu entendimento ignorante do que é Internet, através de uma percepção midiaticamente distorcida?

1 – Ministério da verdade, na distopia 1984 de George Orwell existia o Ministério da Verdade que cuidava de mudar o passado e o presente de todas as informações que os cidadãos poderiam ter acesso. Com isto negava e criava fatos, e até mesmo conseguiam fazer com que pessoas nunca tivessem existido.

A invisibilidade corrompe…

Postado originalmente no Meme de Carbono, este post leva a uma profunda reflexão, servindo de chancela para a proposta feita ja neste blog pelo fim da tipificação penal de injúria, calunia e difamação. Estes tipos penais como o texto do Meme de Carbono fala, so servem como um manto de invisibilidade para os incopetentes endinheirados.

Situação um: O filho de 3 meses de uma amiga estava com fortes cólicas. Ela o levou ao médico que decretou a necessidade de uma cirurgia urgente. Desorientados os pais aceitaram, mas enquanto se deslocavam de carro de um lugar para outro conseguiram se acalmar, buscaram uma segunda opinião e depois uma terceira, todas indicando que a criança tinha apenas cólicas o que se constatou verdadeiro. Não havia qualquer necessidade de cirurgia. A mãe acredita que o médico estava interessado no faturamento da cirurgia.

Situação 2: Uma amiga passa um ano se tratando de alergia em uma certa clínica com um certo médico sem qualquer avanço sensível. Finalmente ela decide ir a uma outra médica que imediatamente percebe que a alergia está ligada ao tipo de esmalte que ela usava.

Situação 3: Depois de vários meses tratando de uma perfuração do tímpano na mesma clínica do caso acima finalmente a paciente decide procurar outro médico que depois de detalhado exame determina que ela nunca teve tímpanos perfurados, receita o remédio correto e a cura em poucos dias.

Situação 4: O rapaz faz um exame de sangue de rotina e fica sabendo que tem Aids. O médico determina que se faça um novo exame só para confirmar. Dá a notícia com a frieza de quem fala de uma verruga. Ao pedir o novo exame o rapaz pergunta à enfermeira se é comum o exame dar falso positivo “Ih! Aqui nunca deu!”. Quando volta para saber o resultado que acaba de sair é informado que somente o médico pode abrir o envelope e que o médico saiu de férias. Por mais de uma semana ele teve aids. Avisou a família e as mulheres com quem teve relações. Perdeu seis quilos por tensão nervosa até que o médico voltou e informou que tinha sido um falso positivo.

Estas são histórias reais que aconteceram com conhecidos meus, mas os nomes dos médicos e clínicas acima não podem ser citados. Eles estão protegidos pela lei.

Sob o pretexto de injúria e difamação o protesto de quem é vítima de um tratamento médico indiferente ou até incompetente pode ser processado e provavelmente perderá como ocorreu no quinto caso onde a paciente reclamou em seu blog com o post que reproduzo na íntegra mais abaixo.

É importante notar que o processo todo se baseou em injúria e difamação e não em calúnia, ou seja, o relato é considerado preciso e real.

A punição da blogueira foi calcada no princípio de que ela não tem o direito de reclamar online de um mau atendimento, mas essa fronteira é muito tenue! Se você não pode reclamar online é melhor não reclamar em nenhum lugar, afinal se você comenta com alguém numa mesa de bar essa pessoa pode, por exemplo, lembrar que um amigo irá na clínica dos casos 2 e 3 no dia seguinte e lhe enviar um rápido email pelo celular. Pronto! Caiu na Internet e logo o nome da clínica e do médico estará circulando silenciosamente por milhares de caixas postais.

A justiça está sendo usada como um manto de invisibilidade que protege maus profissionais assim como o Um Anel de Tolkien protegia e corrompia quem o usasse: a invisibilidade corrompe mais do que o poder.

Todo ser humano deve ter direito de reclamar quando se sentir mal atendido, deve ter o direito de alertar os outros (e não só os amigos) de riscos que eles correm.

A Internet é parte de uma nova cultura, a propósito, ao meu ver ela é o principal fruto de uma nova cultura que leva a democracia e os nossos direitos a novos patamares.

Um mundo onde todos tem possibilidade de se expressar assusta e a reação normal é a demonização da mudança, mas não podemos permitir que o medo da liberdade de expressão e da democracia transforme nossas leis em um instrumento de proteção para o que está errado.

Concluindo…

A mídia tradicional tem recursos e advogados para defender seus direitos, mas os cidadãos ficam acuados sem possibilidade de defesa caso não disponham de recursos o que, infelizmente, é comum. O caso do post reproduzido a seguir é justamente esse: a blogueira perdeu pois não podia pagar os custos para recorrer contra a decisão em primeira instância.

Para evitar que outras pessoas tenham o mesmo problema poderia ser criada uma associação dedicada à defesa da liberdade de expressão com recursos para custear a defesa da liberdade de expressão.

O quinto caso: O post

No domingo passado eu comecei a ter febre e dor no corpo. Na segunda-feira, a febre chegou a 38,9 e fui ao pronto-socorro. A médica me deu alguns remédios (antiinflamatório, anti-histamínico e vitamina C) e me disse para procurar um otorrino caso eu não melhorasse até quarta-feira.

Eu melhorei da febre, mas, com a obra, a garganta inflamou um pouco e ontem de manhã eu estava sem voz, com o nariz totalmente congestionado e, conseqüentemente, com dor de cabeça e sem respirar direito. Como tenho tendência crônica a ter problemas de garganta e sinusite, achei que era melhor dar um pulo no otorrino. Afinal, pago o plano de saúde e devo usá-lo para não jogar dinheiro fora, certo? A esta altura do campeonato, não sei…

O diálogo a seguir aconteceu ontem de manhã, na clínica XXXXXXXXX, que fica na XXXXXX de XXXXXX. O médico era o dr. XXXXXXXXXXX (CRM-RJ XXXXXXX-? – dígito ilegível).

Entrei sem voz no consultório e sussurrei: “Bom dia”.

Médico: “Nossa, você está sem voz! Desde quando está assim?”

Eu: “Hoje de manhã.”

Meu marido disse: “Eu vim de intérprete.” (risinhos gerais)

Ele pegou uma espátula e deu uma olhada (durante aproximadamente 3 segundos) na garganta e concluiu, em tom definitivo: “Ah, é só uma inflamaçãozinha na garganta. É normal nessa época do ano. Tem diabetes ou hipertensão?”
Respondi que não e ele se sentou na mesinha para receitar os remédios. Eu, sem acreditar no que estava acontecendo, virei para o meu marido e fiz gestos, pedindo para ele explicar a situação. meu marido começou:

“Olha, ela teve febre alta na segunda.”

Médico: “Hum-hum.” (Sem levantar o olhar do papel.)

Meu marido: “Ela está com o nariz muito congestionado.”

Médico: “Teve dor de cabeça?”

Meu marido: “Ela disse que está com dor de cabeça desde hoje de manhã.”

Médico: “Hum-hum.” (Com o mesmo desdém.)

Fiz gestos para o meu marido mostrar a ele a receita que recebi na segunda.

Meu marido: “Olha, ela está tomando estes remédios.”

Médico: “Hum-hum. A gente vai fazer um pouco diferente, viu? Você vai tomar Decadron durante 5 dias e depois vai passar para a Loratadina (que eu já estava tomando) durante 10 dias. À noite, vai pingar dois jatos de Flixose antes de dormir. Se tiver dor de cabeça, pode tomar um Tylenol.”

Eu, desesperada, pedi ao meu marido para dizer que eu costumo usar Nasofelin à noite.

Meu marido explicou e o médico disse: “Tudo bem, mas agora você vai usar este. Não vou dar antibiótico por enquanto. Vamos evitar.”

Eu, com cara de abismada, olhei para o meu marido, que disse para o médico: “Olha, ela já esteve no hospital na segunda e a médica disse que, se não melhorasse, era para vir aqui e que era melhor entrar no antibiótico.”

Médico: “É, se tiver febre de novo, você volta aqui e a gente vê o antibiótico.”

Eu, desesperada: “Mas eu não posso parar de trabalhar.”

Médico: “Tá certo. Se piorar, você volta.”

Com isso, quase nos botou porta afora.

Esse diálogo/consulta durou menos de 5 minutos. NÃO ESTOU EXAGERANDO! O médico não quis saber NADA além da “inflamaçãozinha” na garganta suposta por ele. Simplesmente não fez anamnese, então não sabe:

– que tenho tendência crônica a sinusite, laringite e faringite;

– que não tenho amígdalas;

– que eu estava suando frio;

– quais eram meus sinais vitais (pressão arterial e batimentos cardíacos, no mínimo);

– que eu não estava respirando direito.

SURREAL! Como é que o cara me receita um corticóide assim, sem me examinar, sem saber meu histórico médico??? Fiquei muito chocada. Os efeitos colaterais dos corticóides são BEM piores que os efeitos de tomar antibiótico por uma semana.
Resultado: comprei uma caixa de amoxicilina e comecei a tomar por minha conta e risco.

Minha conclusão, depois de algumas desventuras semelhantes, é que médico bom no Rio de Janeiro é uma raridade! De memória, eu salvaria o dr. XXXXXXXXX (excelente ortopedista) e a dr. XXXXXXXX (excelente ginecologista).

Desgoverno Brown quer classificação indicativa na Internet

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Andy Burnham, Secretário de Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido, disse em entrevista ao Daily Telegraph que está considerando a implementação de um sistema de classificação etária tal como existe na televisão para o sites na Internet e pretende apresentar o absurdo para Barack Obama para a criação de uma regra internacional única de controle de conteúdo para sites de língua inglesa. Como disse o editoral do Daily Telegraph na mesma edição:

Mr Burnham says that his own children are closely supervised when they use the computer. No impractical rating system is necessary in his household. It is as a parent, therefore, rather than as a politician that he is pointing the way forward.

O Sr. Burnham diz que seus próprios filhos são monitorados de perto quando eles usam o computador. Nenhum sistema de classificação indicativa impraticável é necessário em sua casa. É como pai, ao contrário de como político, que ele [Burnham] está indicando o caminho a seguir.

E esta não é a primeira vez que Burnham escuda-se na “defesa das criancinhas pobres e inocentes” para implementar a censura; aliás, isto virou o modus operandi desta gente, basta ver Magno Malta e Eduardo Azeredo. Num discurso ao Bureau de Publicidade na Internet, Burnham citou uma passagem insólita do Safer Children in a Digital World, relatório feito pela Dra. Tanya Byron (alguém que acha tempo para colocar no seu currículo que foi co-criadora da minisséria The Life and Times of  Vivienne Vyle). Transcrevo a passagem:

“I’m worried I’ll get lost on the internet and find I’ve suddenly got a job in the army or something.”

“Eu estou preocupado que eu me perca na Internet e descubra que eu, inesperadamente, aceitei um emprego no exército ou coisa assim.”

(9 year old boy)

(guri de 9 anos)

Ora, do jeito que está, é mais fácil ele arranjar um emprego no governo (tal qual Dra. Byron) como amplamente é citado no livro Total Politics – Labour’s Command State, o melhor retrato dos desmandos das administrações trabalhistas de Blair e Brown. E quanto a probabilidade do citado guri conseguir um emprego no Exército, seria mais fácil uma farta e cacheada juba loira nascesse na cabeça de Azeredo, já que a situação do Exército Britânico não é das melhores.

Verdade seja dita, a Dra. Byron saiu do clichê “um-tarado-à-espreita-de-crianças-inocentes” e trouxe um inovativo “perigo” para as crianças, que, curiosamente, o “vilão” seria um órgão estatal totalmente incapaz de discernir uma aplicação de emprego de um Zé Ruela de 9 anos da de um Zé Ruela cockney de 19 anos. Se bem que com a flagrante incompetência do desgoverno Brown em cuidar dos dados pessoais dos súditos de Sua Majestade Britânica, é bem possível que o Mr. Eu-Acho-Que-Me-Alistei-Com-9-Anos acabe na Sandhurst.

Boa notícia: Azeredo e Malta não são exclusividades brasileiras. Má notícia; Azeredo e Malta estão em todos os cantos do planeta…