A visita de 3 dias do Presidente Lula às obras de transposição do rio São Francisco no Nordeste renderam críticas fervorosas da oposição que foram plenamente reproduzidas por instrumentos midiáticos afins. As baterias foram direcionadas a dois pontos principais: 1- a presença da ministra Dilma Roussef na comitiva que visitou o canteiro de obras; 2- um aparente fracasso na execução das obras de transposição.
Sob afirmações de que a obra seria uma “transposição de votos no Nordeste” e que o ato da visita seria em si tipicamente eleitoreiro, a oposição abre um novo episódio em sua cruzada na tentativa de inviabilizar, o quanto antes, a candidatura de Dilma. Entretanto a tática visa única e exclusivamente sobrepujar a grandeza do empreendimento que procura levar água para 391 municípios dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, atendendo aproximadamente 12 milhões de pessoas. Segundo o Ministério da Integração Nacional atualmente cerca de 8.500 pessoas estão empregadas diretamente no desenvolvimento da obra que prevê a construção de mais de 713 km de canais, somando um investimento, para o ano de 2009, correspondente a 1,39 bilhão de reais.
A transposição do Velho Chico tem sido criticada por, aparentemente, não solucionar o problema de distribuição dos recursos hídricos para as populações ribeirinhas. Porém o que se desconhece (ou não se quer dizer) é que a obra, cuja finalização está prevista para 2025, garantirá a instalação de empreendimentos do agronegócio nas regiões beneficiadas, contribuindo para a fixação do homem no campo, a geração de emprego e com a evolução do desenvolvimento econômico e social do Nordeste. Além disso, a transposição do rio São Francisco não é o único programa de valorização e acessibilidade aos recursos hídricos promovido pelo Governo Federal: entre janeiro de 2003 e julho deste ano foram investidos 1,29 bilhão de reais (dados do Tesouro Nacional) em obras de irrigação, além da construção de 197 mil cisternas.
A obra sofreu inicialmente com problemas junto aos órgãos ambientais e ações judiciais de desapropriação. Mais recentemente o TCU tem dificultado a liberação das ordens de pagamento, sendo inclusive alvo de críticas do próprio Lula. As obras não crescem no ritmo esperado pelo governo, mas segundo o Ministério da Integração Nacional os eixos norte e leste já avançaram 13,7% e 16% respectivamente.
Enquanto estiver na condição de pré-candidata à presidência da República os setores oposicionistas da política brasileira procurarão sangra-lá, mas ao mesmo tempo que assim o fazem popularizam uma Dilma que procura ingressar em uma fase menos burocrática e com maior presença física de campo, aproximando-a e tornando-a mais conhecida do eleitorado. O PSDB e DEM procurarão acionar o TSE, por interpretarem a visita às obras como campanha eleitoral antecipada. No entanto esqueceram de avisar a José Serra e Aécio Neves que a campanha ainda não começou. Tentando chover no molhado, a oposição pega carona na mesma Nau imperial que um dia Dom Pedro II imaginou trafegar no Velho Chico transposto, mas que só agora vê em suas margens obras concretas. Em águas tranqüilas Lula e Dilma prosseguem sob uma visão de Sol nascente que só o Velho Chico pode dar.